A primeira idéia foi de um cavalo bom para o trabalho na estância. Uma exigência funcional de que os irmãos Flavio e Roberto Bastos Tellechea nunca abriram mão. E começam a formar o plantel em 1962. Importam éguas uruguaias de linhagem Pereira Brasil, compram outras matrizes do criador gaúcho Mari Machado e adquirem um garanhão, o mouro Sorro Campeiro. Mesmo sem saber, estavam começando a maior revolução dentro da Raça Crioula.
Sorro Campeiro produziu filhos extremamente rústicos e funcionais. Mas é a partir da década de 70 que este sangue vai se lapidar e ganhar sua marca definitiva. Em 1971, uma parceria entre Luiz Martins Bastos, Flavio e Roberto Bastos Tellechea adquire o reprodutor chileno La Invernanda Aniversário, um cavalo que impressionava pela agilidade dos movimentos.
A base do criatório BT tinha sangues até então tradicionais, especialmente animais da linhagem argentina, e os Cinco Salsos, sangue uruguaio-rio-grandense da família Martins. Mas era preciso fazer do crioulo um cavalo em movimento.
Uma das primeiras provas eqüestres acontece em 1971, no CTG Sinuelo do Pago, em Uruguaiana. Provas campeiras, com tiro de laço, fados, balizas, redomões. Reproduziam o trabalho nas estâncias, mas sobretudo traziam convívio, amizades e eram uma forma de avaliar a cavalhada. E lá estavam os cavalos BT, assim como eu outra prova da época, a marcha de resistência.
Era o embrião do que viriam a ser depois as provas funcionais, um movimento que eclodiria nas exposições de Jaguarão. A primeira funcional ocorre em 1978. Os criadores de Jaguarão decidem então escolher alguém que tivesse conhecimento técnico, campeiro, cacife de liderança, fosse um formador de opinião e que estabelecesse as bases para o julgamento. A escolha recaiu em Flavio Bastos Tellechea. Ele julgou durante três anos consecutivos e, a partir daí, balizou parâmetros não só de julgamento, mas também de critérios de seleção integral dos cavalos crioulos, a equação entre morfologia e funcionalidade. Começou a observar que um determinado tipo morfológico de animal tinha mais aptidão funcional. Eram animais de pescoço e frente mais leves, de gargantas mais limpas, musculosos, de quartos profundos, com bastante potência, que tinham mais facilidade de empurrar a massa corporal e, sobretudo, com bons aprumos, que determinavam um melhor equilíbrio.
É nessa época também que chega ao criatório BT um cavalo que revolucionaria a raça: o chileno La Invernada Hornero, adquirido em 1976 numa parceria que envolvia também o criador Dirceu Pons na Exposição da FICC, em Esteio. Hornero é hoje o primeiro colocado no registro de mérito da ABCCC e o reprodutor com o maior número de descendentes campeões do Freio de Ouro e das exposições morfológicas. Hornero é o mais importante reprodutor da história da Raça Crioula.
O Freio de Ouro surge em 1982, e desde então vai se consolidar uma marca importante: 77% dos vencedores do Freio de Ouro e do Ranking morfológico da Expointer têm a genética BT. Esta marca se desdobra hoje em das formas: os sucessores de Roberto, falecido em 1982, utilizam a marca BT do Junco. Em 1990, com a falta de Flavio, seus descendentes herdaram o afixo BT.
A base para continuar a trajetória vencedora desta marca está num princípio: buscar sempre o cruzamento entre os melhores animais, dentro do princípio de beleza zootécnica em que está contemplado o perfeito equilíbrio entre morfologia e função.
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